Recém lançada a terceira temporada, Dark se tornou o novo coqueluche moderno da Netflix. Diferente do que foi Stranger Things, a série alemã conseguiu seguir pelo caminho nebuloso que é retratar o tempo e viagem no tempo no audiovisual sem soar didático e pedante. O que foi proposto aqui é muito mais uma experiência sensorial do que qualquer coisa, onde a necessidade de entendimento se torna um luxo a mais para aqueles que se propõe a assistir. Confira o trailer:
Dark representa uma ruptura da “tradição” de séries de temática megalomaníaca que acabam sendo implodidas por elas mesmas. Recentemente tivemos o fiasco que foi Game Of Thrones, e indo em comparação a temática da série em questão temos o ótimo exemplo que foi a ultima temporada de Lost que azedou o legado de que foi proposto inicialmente no show.
Por terem tido todo o controle criativo da série, seus criadores (Baran bo Odar e Jantje Friese) acabam que criando uma das coisas mais instigantes de se assistir na TV atualmente.

Não se engane pelo burburinho, o que torna Dark instigante não é apenas o mistério envolto da trama e sim como você fica envolvido com a realidade bucólica daquela pequena cidade alemã e como os seus habitantes são estranhamente interligados por algo aparentemente onipresente.
Por ser uma temporada que tenta explicar dúvidas e teorias impostas por outras duas anteriores, a ultima temporada pode soar confusa e apressada, mas o foco do roteiro nunca foi exatamente explicar tudo aquilo que lhe foi perguntado. O texto da série é tão potente que o melhor caminho para seguir por essa jornada não é do questionamento e sim da contemplação.

A comparação com Twin Peaks é inevitável, mas não temos aqui uma terceira temporada no mesmo nível da série escrita por David Lynch e Mark Frost. Enquanto na americana a ultima temporada está muito mais na busca pela perfeição narrativa e sensorial, Dark (por mais que tenha uma narrativa excelente) acaba tendo leves tropeços lógicos quando analisado friamente alguns caminhos explicativos escolhidos pelo roteiro.
Contudo, o que fica é uma excelente noção de como o streaming pode ser libertador para a arte televisiva, pois não se prende na lógica de números que a TV ainda se encontra presa. É o formato mudando de casa e encontrando um novo lar.
E não se preocupe e nem tenha medo de se sentir confuso assistindo Dark. No final, o maior segredo é não haver mistério algum.
Classificação:
Veja críticas de algumas das produções ligadas a Netflix:
- Últimos Dias de Crime na América
- Feel the Beat
- Destacamento Blood
- Olhos de Gato
- the Politician – 2º temporada
A terceira e última temporada de Dark possui oito episódios e chegou à Netflix hoje, dia 27 de junho.